Depois de tantas vivências e presenças, acho que agora posso dizer que já ninguém sabe exactamente como amar. Agora, a maior parte das pessoas diz que ama para se confortar, para se sentir bem consigo próprio. Já presenciei tanta coisa, já vivi tanta coisa que acho que poderia até relatar todas as histórias numa única. Até porque são todas iguais. Começamos por conhecer alguém novo. Um alguém que nos fascina, que nos faz esquecer todos os problemas, que nos leva para um mundo de conforto, de felicidade. Isso acontece de ambos os lados, mas mais para um do que para outro. Eu vivi e presenciei o mesmo personagem: o que se prende totalmente á pessoa; o que ama, o que diz o que sente e não o que lhe faz sentir bem, apesar de só o facto de dizer que ama o faz sentir bem.
De qualquer maneira, como acabam estas histórias? Todas da mesma maneira. A solução torna-se um problema. O problema mais doloroso e agravante que o anterior. Depois, a outra pessoa segue o seu caminho e nós ficamos a pensar se a culpa teria sido nossa. Se havia algo que pudéssemos mudar no passado para tudo correr bem no presente. De qualquer modo, deixei-me disso. Agora acredito que tudo acontece por uma razão. Sofremos para aprender. Amamos para viver. Vivemos para continuar. Se conhecemos uma pessoa que se confortou em nós, e que nos deixou por outra ou porque simplesmente não quis seguir o mesmo caminho que nós, é por alguma razão.
É claro que ficamos desiludidos, magoados, mas no fim só aprendemos com tudo isso. No fim podemos até reparar que estávamos tão enganados quanto á outra pessoa.
No fundo prendemos-nos tanto á pessoa que o facto de precisarmos dela para sorrir fez-nos pensar que a amávamos. O que é bastante diferente, até porque eu preciso de imensa gente que não amo.
É óbvio que mais de metade das pessoas que vejam isto, irão identificar-se com as minhas palavras, as minhas histórias . Até porque todos já sofremos por amor e todos fomos usados. Todos já tentámos sentir amor para nos sentirmos confortáveis com nós próprios e todos nós já magoámos alguém mesmo sem querer.
Olgaloureiro